Passo agora a mostrar-lhes um caminho ainda mais excelente.
Ainda que eu fale todas as línguas locais, todos os dialetos tribais e todos os idiomas oficiais desse mundo, se eu não tiver amor, serei como o tambor que ressoa ou como alguns chamados de oração que ecoam esperançosos pelos corredores das medinas orientais.
Ainda que eu tenha o dom de profecia ou desvende todos os mistérios espirituais, ou ainda que eu tenha todo o conhecimento cultural ou político dos conflitos internacionais; e mesmo que eu tenha cultivado uma fé poderosa o suficiente para mover montanhas, serras ou vulcões, se eu não tiver amor, eu nada serei.
Ainda que eu me mude para os lugares mais pobres da Terra, e pelos meus vizinhos eu venha a entregar tudo o que eu tenha ou seja, se eu não tiver amor, nada disso me valerá.
O amor é paciente, mesmo quando o fruto do seu trabalho tarda a brotar. O amor é bondoso e ousadamente generoso, mesmo quando tudo o que se recebe como salário do seu árduo labor é a ingratidão. O amor não aumenta os fatos e nem conta vantagem em suas cartas de oração, tampouco se vangloria quando volta ao seu país de origem para visitar parceiros e compartilhar o seu testemunho.
O amor não maltrata e não explora os necessitados, e está, inclusive, sempre pronto a oferecer a outra face e interceder pelo mais cruel perseguidor.
O amor não procura os seus interesses, contabilizando friamente números de cestas distribuídas ou convertidos, mas está disposto a caminhar ao lado dos seus novos amigos, num processo de construção de um relacionamento sincero de discipulado.
O amor não se ira facilmente, e nem guarda rancor contra a cultura burocrática e tantas vezes corrupta do país onde serve. O amor não se alegra com a injustiça, mas utiliza os seus privilégios para apontá-las. O amor se alegra com a verdade, e, com paciência, espera o momento adequado de trazê-la à tona.
O amor chora, mas nunca perde a fé, e continua confiando nas promessas de Deus. O amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera e tudo suporta.
Os dons de profecia, línguas e conhecimento desaparecerão, mas o amor nunca perecerá. E mesmo que em partes eu conheça e compreenda os caminhos de Deus para a minha vida, e em partes eu apenas creia e profetize, quando toda a confusão e imperfeição desse mundo em ruínas passar, o que é perfeito permanecerá.
Eu lembro de quando eu era mais nova, inexperiente como uma menina, e não entendia nada sobre idiomas, culturas e diferentes cosmovisões. Cresci, sofri, amadureci, e deixei para trás toda essa inocente ignorância juvenil. Contudo, não posso ser hipócrita. Às vezes, eu ainda me sinto como se estivesse a olhar minha imagem refletida em um espelho embaçado. Ainda há tanto que eu não entendo… Porém, um dia, eu verei face a face e, finalmente, tudo me fará sentido. Conhecerei plenamente, como já sou plenamente conhecida.
Assim, agora permanecem meus companheiros de estrada: a fé no Cristo e em suas boas novas, a minha esperança de que todas as nossas lágrimas um dia serão enxugadas, e também, o amor, o qual do alto recebi e hoje proclamo e distribuo em minha tão estimada jornada transcultural.
Dentre todos eles, porém, o maior é o amor!